tag:blogger.com,1999:blog-92167498825787805372024-02-07T05:30:03.122-08:00Cantinho dos PoemasCatarina Jacintohttp://www.blogger.com/profile/13232098551485213459noreply@blogger.comBlogger64125tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-72728966212901239232013-01-13T12:28:00.001-08:002013-01-13T12:28:18.109-08:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-s7dbY2ngotFtAHUvotaIlEnLymTMRPrmzQWHVLbOgFn2XMIF1TPGw_WWaSL_bft0R9nYgfAM8YHYeDebAzqopwhAugS-WsmPRkth2-NQ71xVzQjzjXcyiWWHcW9pZahwnRwRDipcyB3k/s1600/noites+com+Poemas+Janeiro+de+2013+1+%2528Large%2529.jpg"><img alt="" border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-s7dbY2ngotFtAHUvotaIlEnLymTMRPrmzQWHVLbOgFn2XMIF1TPGw_WWaSL_bft0R9nYgfAM8YHYeDebAzqopwhAugS-WsmPRkth2-NQ71xVzQjzjXcyiWWHcW9pZahwnRwRDipcyB3k/s320/noites+com+Poemas+Janeiro+de+2013+1+%2528Large%2529.jpg" style="clear: both; float: left; margin: 0px 10px 10px 0px;" width="298" /></a><div style='clear:both; text-align:LEFT'><a href='http://picasa.google.com/blogger/' target='ext'><img src='http://photos1.blogger.com/pbp.gif' alt='Posted by Picasa' style='border: 0px none ; padding: 0px; background: transparent none repeat scroll 0% 50%; -moz-background-clip: initial; -moz-background-origin: initial; -moz-background-inline-policy: initial;' align='middle' border='0' /></a></div>Clementinahttp://www.blogger.com/profile/07040248473629321757noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-27171441799659546422011-07-24T12:00:00.001-07:002011-07-24T12:00:40.570-07:00Já não me importoJá não me importo<br />
Até com o que amo ou creio amar.<br />
Sou um navio que chegou a um porto<br />
E cujo movimento é ali estar.<br />
<br />
Nada me resta<br />
Do que quis ou achei.<br />
Cheguei da festa<br />
Como fui para lá ou ainda irei<br />
<br />
Indiferente<br />
A quem sou ou suponho que mal sou,<br />
<br />
Fito a gente<br />
Que me rodeia e sempre rodeou,<br />
<br />
Com um olhar<br />
Que, sem o poder ver,<br />
Sei que é sem ar<br />
De olhar a valer.<br />
<br />
E só me não cansa<br />
O que a brisa me traz<br />
De súbita mudança<br />
No que nada me faz.<br />
<br />
Fernando PessoaCatarina Jacintohttp://www.blogger.com/profile/13232098551485213459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-27792742376879307932010-06-20T07:18:00.000-07:002010-06-20T07:19:13.635-07:00Aprendamos o rito1922-2910<br /> <br /><br />Aprendamos o rito<br /><br />Põe na mesa a toalha adamascada,<br />Traz as rosas mais frescas do jardim,<br />Deita o vinho no copo, corta o pão,<br />Com a faca de prata e de marfim.<br /><br />Alguém se veio sentar à tua mesa,<br />Alguém a quem não vês, mas que pressentes.<br />Cruza as mãos no regaço, não perguntes :<br />Nas perguntas que fazes é que mentes.<br /><br />Prova depois o vinho, come o pão,<br />Rasga a palma da mão no caule agudo,<br />Leva as rosas à fronte, cobre os olhos,<br />Cumpriste o ritual e sabes tudo.<br /><br />José SaramagoClementinahttp://www.blogger.com/profile/07040248473629321757noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-91187954820556610572009-08-06T14:06:00.000-07:002009-08-06T14:07:05.756-07:00InquietudeSou voraz não me apego<br />ao abrigo da alma<br /><br />Sou o corpo o incêndio<br />só o fogo<br />me acalma<br /><br />Maria Teresa Horta, Inquietude - Poesia ReunidaClementinahttp://www.blogger.com/profile/07040248473629321757noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-58434231343185629642009-08-06T14:05:00.001-07:002009-08-06T14:05:52.943-07:00“Cantiga partindo-se”“Cantiga partindo-se”<br /> <br />SENHORA, partem tantos tristes<br />meus olhos por vós, meu bem<br />que nunca tam tristes vistes<br />outros nenhuns por ninguém.<br /> <br />Tam tristes, tam saudosos,<br />tam doentes da partida<br />tam cansados, tam chorosos,<br />da morte mais desejosos<br />cem mil vezes que da vida.<br />Partem tam tristes os tristes,<br />tam fora d`esperar bem,<br />que nunca tam tristes vistes<br /><br />JOÃO ROIZ DE CASTELO BRANCO (séc. XV) – <br /><br />outros nenhuns por ninguém.Clementinahttp://www.blogger.com/profile/07040248473629321757noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-91345483545313771092009-03-28T12:41:00.001-07:002009-03-28T12:43:45.000-07:00Aqueles que me têm muito amor<span style="font-family:georgia;">Aqueles que me têm muito amor </span><br /><span style="font-family:georgia;">Não sabem o que sinto e o que sou... </span><br /><span style="font-family:georgia;">Não sabem que passou, um dia, a </span><br /><span style="font-family:georgia;">Dor À minha porta e, nesse dia, entrou. </span><br /><span style="font-family:georgia;">E é desde então que eu sinto este pavor, </span><br /><span style="font-family:georgia;">Este frio que anda em mim, e que gelou </span><br /><span style="font-family:georgia;">O que de bom me deu Nosso Senhor! </span><br /><span style="font-family:georgia;">Se eu nem sei por onde ando e onde vou!! </span><br /><span style="font-family:georgia;"></span><br /><span style="font-family:georgia;">Sinto os passos de Dor, essa cadência </span><br /><span style="font-family:georgia;">Que é já tortura infinda, que é demência! </span><br /><span style="font-family:georgia;">Que é já vontade doida de gritar! </span><br /><span style="font-family:georgia;"></span><br /><span style="font-family:georgia;">E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio, </span><br /><span style="font-family:georgia;">A mesma angústia funda, sem remédio, </span><br /><span style="font-family:georgia;">Andando atrás de mim, sem me largar!</span><br /><br /><div align="right">Florbela Espanca</div>Catarina Jacintohttp://www.blogger.com/profile/13232098551485213459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-44357058832269614662009-03-15T04:50:00.001-07:002009-03-15T04:50:49.965-07:00Eugénio de AndradePequena elegia chamada domingo<br /><br />O domingo era uma coisa pequena.<br />Uma coisa tão pequena<br />que cabia inteirinha nos teus olhos.<br />Nas tuas mãos<br />estavam os montes e os rios<br />e as nuvens. Mas as rosas,<br />as rosas estavam na tua boca.<br />Hoje os montes e os rios<br />e as nuvens não vêm nas tuas mãos.<br />(Se ao menos elas viessem<br />sem montes e sem nuvens<br />e sem rios ...)<br />O domingo está apenas nos meus olhos<br />e é grande.<br />Os montes estão distantes e ocultam<br />os rios e as nuvens<br />e as rosas.<br />Eugénio de AndradeClementinahttp://www.blogger.com/profile/07040248473629321757noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-20983687354252854222009-03-08T14:39:00.000-07:002009-03-08T14:40:40.465-07:00David Mourão-FerreiraTão regaço estas arcadas<br />Tão de brinquedo os eléctricos<br />Vejo a cidade parada<br />no ano de vinte e sete<br />Dela por vezes me evado<br />mas sempre a ela regresso<br />Bem sei eu que não desato<br />o cordão com que me aperta<br />Vejo seus gestos de grávida<br />medidos cautos imersos<br />nessa jovem gravidade<br />que só grávidas conhecem<br />Que frescor de madrugada<br />no terror com que me espera<br />Mães têm sempre a idade<br />que em sonho os filhos decretam<br />Recordo melhor a data<br />Até mesmo a atmosfera<br />É o dia vinte e quatro<br />de um mês a tremer de febre<br />com armas grades e o rasto<br />de um sangue que nunca seca<br />Só seis decénios passaram<br />rápidos como seis séculos<br />Tão pouco Mas nelas cabem<br />cidade arcadas eléctricos<br />nesta imensa claridade<br />irmã gémea do mistério <br />.<br />.<br />David Mourão-FerreiraClementinahttp://www.blogger.com/profile/07040248473629321757noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-28238319114413945132009-03-08T09:20:00.000-07:002009-03-08T09:22:37.993-07:00Florbela EspancaA Mulher <br /> <br />Ó mulher! Como és fraca e como és forte!<br />Como sabes ser doce e desgraçada!<br />Como sabes fingir quando em teu peito <br />A tua alma se estorce amargurada!<br /> <br />Quantas morreram saudosas duma imagem<br />Adorada que amaram doidamente!<br />Quantas e quantas almas endoidecem<br />Enquanto a boca ri alegremente!<br /> <br />Quanta paixão e amor às vezes têm<br />Sem nunca o confessarem a ninguém<br />Doces almas de amor e sofrimento!<br /> <br />Paixão que faria a felicidade<br />Dum rei; amor de sonho e de saudade,<br />Que se esvai e que foge num lamento!<br /><br />Uma saudação a todas as mulheres do Mundo relembrando Florbela Espanca! 8-03-2009Clementinahttp://www.blogger.com/profile/07040248473629321757noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-74952918097031227602009-03-08T03:28:00.000-07:002009-03-08T03:30:43.609-07:00À DESCOBERTA DO AMOR <br /><br />Ensaia um sorriso <br />e oferece-o a quem não teve nenhum. <br /><br />Agarra um raio de sol <br />e desprende-o onde houver noite. <br /><br />Descobre uma nascente <br />e nela limpa quem vive na lama. <br /><br />Toma uma lágrima <br />e pousa-a em quem nunca chorou. <br /><br />Ganha coragem <br />e dá-a a quem não sabe lutar. <br /><br />Inventa a vida <br />e conta-a a quem nada compreende. <br /><br />Enche-te de esperança <br />e vive à sua luz. <br /><br />Enriquece-te de bondade<br /><br />e oferece-a a quem não sabe dar. <br /><br />Vive com amor <br />e fá-lo conhecer ao Mundo.<br /> <br />Desconhecido.<br />8 de Março 2009Clementinahttp://www.blogger.com/profile/07040248473629321757noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-27889920544812831142009-02-28T13:54:00.000-08:002009-02-28T13:58:08.399-08:00Guerra JunqueiroClementinahttp://www.blogger.com/profile/07040248473629321757noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-52198551452564369902008-11-02T13:54:00.000-08:002008-11-02T13:55:09.936-08:00A FEDERICO GARCIA LORCA<br /><br />Sobre o teu corpo, que há dez anos<br />se vem transfundindo em cravos<br />de rubra cor espanhola,<br />aqui estou para depositar<br />vergonha e lágrimas.<br /><br />Vergonha de há tanto tempo<br />viveres - se morte é vida -<br />sob o chão onde esporas tinem<br />e calcam a mais fina grama<br />e o pensamento mais fino<br />de amor, de justiça e paz.<br /><br />Lágrimas de nocturno orvalho,<br />não de mágoa desiludida,<br />lágrimas que tão só destilam<br />desejo e ânsia e certeza<br />de que o dia amanhecerá.Clementinahttp://www.blogger.com/profile/07040248473629321757noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-58428046605087388262008-10-27T01:17:00.000-07:002008-10-27T01:19:39.642-07:00bertold brecht - bertold brechtbertold brecht<br /><br />O elogio da dialéctica<br /><br />A injustiça avança hoje a passo firme<br />Os tiranos fazem planos para dez mil anos<br />O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são<br />Nenhuma voz além da dos que mandam<br />E em todos os mercados proclama a exploração;<br />isto é apenas o meu começo<br />Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem<br />Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos<br />Quem ainda está vivo não diga: nunca<br />O que é seguro não é seguro<br />As coisas não continuarão a ser como são<br />Depois de falarem os dominantes<br />Falarão os dominados<br />Quem pois ousa dizer: nunca<br />De quem depende que a opressão prossiga? De nós<br />De quem depende que ela acabe? Também de nós<br />O que é esmagado que se levante!<br />O que está perdido, lute!<br />O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha<br />E nunca será: ainda hoje<br />Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhãClementinahttp://www.blogger.com/profile/07040248473629321757noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-82696919678760826732008-10-17T06:07:00.000-07:002008-10-17T06:08:47.525-07:00AdeusAdeus<br /><br />Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,<br />e o que nos ficou não chega<br />para afastar o frio de quatro paredes.<br />Gastámos tudo menos o silêncio.<br />Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,<br />gastámos as mão à força de as apertarmos,<br />gastámos o relógio e as pedras das esquinas<br />em esperas inúteis.<br /><br />Meto as mãos nas algibeiras<br />e não encontro nada.<br />Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!<br />Era como se todas as coisas fossem minhas:<br />quanto mais te dava mais tinha para te dar.<br /><br />Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!<br />e eu acreditava.<br />Acreditava,<br />porque ao teu lado<br />todas as coisas eram possíveis.<br />Mas isso era no tempo dos segredos,<br />no tempo em que o teu corpo era um aquário,<br />no tempo em que os meus olhos<br />eram peixes verdes.<br />Hoje são apenas os meus olhos.<br />É pouco, mas é verdade,<br />uns olhos como todos os outros.<br /><br />Já gastámos as palavras.<br />Quando agora digo: meu amor...,<br />já se não passa absolutamente nada.<br />E no entanto, antes das palavras gastas,<br />tenho a certeza<br />de que todas as coisas estremeciam<br />só de murmurar o teu nome<br />no silêncio do meu coração.<br />Não temos já nada para dar.<br />Dentro de ti<br />não há nada que me peça água.<br />O passado é inútil como um trapo.<br />E já te disse: as palavras estão gastas.<br /><br />Adeus.<br /><br /><div align="right">Eugénio de Andrade</div>Catarina Jacintohttp://www.blogger.com/profile/13232098551485213459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-66612560574917203452008-09-08T03:10:00.000-07:002008-09-08T03:15:41.075-07:00keep moving forwardWe keep moving forward,<br />opening new doors,<br />and doing new things,<br />because we're curious and curiosity keeps leading us down new paths.<br />We're always exploring and experimenting.<br /><br /><div align="right">Walt Disney</div>Catarina Jacintohttp://www.blogger.com/profile/13232098551485213459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-80436725751722058572008-09-07T12:46:00.000-07:002008-09-07T12:47:10.425-07:00REQUIEM POR UM CHOUPO<pre>REQUIEM POR UM CHOUPO<br /><br />Era uma cidade com aromas de viajem,<br />Aquela onde um dia fui criança,<br />Esta noite estrangularam outra árvore habituada<br />A ver-me passar, e ninguém se importou com o assunto.<br />E eu que varri muitas folhas derramadas dessa farta<br />cabeleira num Outono já distante estremeci<br />com o ruído seco do velho choupo a morrer.<br />Aconselharam-me a ficar calado: Não há tempo para escutar<br />canções de melros entre ramagens.<br />Mas sou teimoso! Ridículo é aceitar que o alcatrão<br />vença e os anestesiados se dirijam cada vez mais velozes<br />para a sua verdade infeliz!<br />Então peguei no meu caderno de emoções<br />e escrevi com uma lágrima de raiva:<br />Quando a cidade não ama<br />As suas árvores, que medalha<br />deverá um Poeta pôr no peito<br />dos que a governam?<br /><br /> Luís Filipe Maçarico, in "A Essência"<br /><br /></pre>Clementinahttp://www.blogger.com/profile/07040248473629321757noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-60016267408697609302008-08-29T17:07:00.000-07:002008-08-29T17:12:40.295-07:00A MEU PAIA MEU PAI<br /><br />NO DIA EM QUE PARTISTE<br />A TERRA TREMEU,<br />O MUNDO ESCURECEU,<br />E EU FIQUEI MAIS SÓ!<br />SE ENCONTRARES A LUZ<br />REFLECTE-A PARA MIM<br />TALVEZ VOLTE A SORRIR!<br />Clementina<br /><br />29-06-2005Clementinahttp://www.blogger.com/profile/07040248473629321757noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-22517107435400178572008-08-28T03:52:00.000-07:002008-08-28T03:53:10.699-07:00Não posso adiar o amorNão posso adiar o amor para outro século<br />Não posso<br />Ainda que o grito sufoque na garganta<br />Ainda que o ódio estale e crepite e arda<br />Sob montanhas cinzentas<br />E montanhas cinzentas<br /><br />Não posso adiar este abraço<br />Que é uma arma de dois gumes<br />Amor e ódio<br /><br />Não posso adiar<br />Ainda que a noite pese séculos sobre as costas<br />E a aurora indecisa demore<br />Não posso adiar para outro século a minha vida<br />Nem o meu amor<br />Nem o meu grito de libertação<br /><br />Não posso adiar o coração<br /><br /><div align="right">A. RAMOS ROSA </div>Catarina Jacintohttp://www.blogger.com/profile/13232098551485213459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-14676052632803168632008-08-25T05:49:00.001-07:002008-08-25T05:51:49.763-07:00Saudade<div align="left">Saudade é solidão acompanhada,<br />é quando o amor ainda não foi embora,<br />mas o amado já...<br />Saudade é amar um passado que ainda não passou,<br />é recusar um presente que nos magoa,<br />é não ver o futuro que nos convida...<br />Saudade é sentir que existe o que não existe mais...<br />Saudade é o inferno dos que perderam,<br />é a dor dos que ficaram para trás,<br />é o gosto de morte na boca dos que continuam...<br />Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:<br />aquela que nunca amou.<br />E esse é o maior dos sofrimentos:<br />não ter por quem sentir saudades,<br />passar pela vida e não viver.<br />O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido. </div><div align="left"> </div><div align="right">Pablo Neruda </div>Catarina Jacintohttp://www.blogger.com/profile/13232098551485213459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-73780023598991600702008-08-21T15:32:00.000-07:002008-08-21T15:35:08.761-07:00No dia em que eu morrerNo dia em que eu morrer<br />Não chores porque parti,<br />Não chores por te deixar.<br />Não ponhas flores no meu caixão,<br />Não chores por não estar contigo!<br />No dia em que eu partir,<br />Canta o que vivemos!<br />O que construímos, o que deixei!<br />Amor, carinho, ternura, amigos!<br />No dia em que eu partir<br />Olha à tua volta,<br />E observa. Estarei contigo.<br />Não chores, eu não parti,<br />Uma mãe não abandona um filho!<br />Não ponhas flores no meu caixão,<br />Planta-as no teu jardim,<br />Elas vão crescer e florir,<br />Vão alegrar a tua vida,<br />Exalar o meu perfume,<br />Fazer-te cantar de alegria.<br />E se as lágrimas teimarem,<br />Deixa-as cair, suavemente,<br />Com alegria!<br />Feliz, eu não parti.<br />Estarei no teu coração!<br /><br />Clementina<br /> Caparide, 27 de Julho de 2008Clementinahttp://www.blogger.com/profile/07040248473629321757noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-19725566177446315812008-08-21T15:26:00.000-07:002008-08-21T15:29:23.728-07:00DesconhecisoSó quando aprendemos a dominar os nossos medos....<br />A lutar pelo que queremos...<br />A compreender a dor e elevar-se com ela...<br />A não desistir diante das dificuldades e dos obstáculos...<br />E acima de tudo, a amar e perdoar....<br />Certamente estaremos muito próximo da felicidade tão sonhada...<br />Tudo, sempre depende de cada um de nós...Clementinahttp://www.blogger.com/profile/07040248473629321757noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-25562344570577862752008-08-18T11:35:00.000-07:002008-08-18T11:42:32.940-07:00Mia CoutoLiçoes<br /><br />nao aprendi a colher a flor<br />sem esfacelar as pélalas<br />falta-me o dedo menino<br />de quem costura desfiladeiros<br /><br />criança, eu sabia<br />suspender o tempo<br />soterrar abismos<br />e nomear as estrelas<br />cresci<br />perdi pontes<br />esqueci sortilégios<br /><br />careço da babilidade da onda<br /><br />hei-de aprender a carícia da brisa<br /><br />trémula, a haste<br />me pede<br />o adiar da noiteClementinahttp://www.blogger.com/profile/07040248473629321757noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-26622919487678742702008-08-18T06:56:00.000-07:002008-08-18T06:58:09.465-07:00O tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,<br />como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,<br />mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.<br />eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,<br />que eu amava quando imaginava que amava. era a tua<br />a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.<br />era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores<br />e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.<br />muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.<br /><br /><div align="right">José Luís Peixoto</div>Catarina Jacintohttp://www.blogger.com/profile/13232098551485213459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-53477502468812927542008-08-03T03:56:00.001-07:002008-08-03T03:56:41.113-07:00- António Ramos RosaPara José Afonso <br /><br />o canto que se erguia<br />na tua voz de vento<br />era de sangue e oiro<br />e um astro insubmisso<br />que era menino e homem <br />fulgurava nas águas<br />entre fogos silvestres. <br />Cantavas para todos<br />os acordes da terra,<br />os obscuros gritos<br />e os delírios e as fúrias<br />de uma revolta justa <br />contra eternos vampiros. <br />Que imensa a aventura<br />da luz por entre as sombras! <br />A vida convertia-se<br />num rio incandescente<br />e num prodígio branco<br />o canto sobre os barcos!<br />E o desejo tão fundo <br />centrava-se num ponto<br />em que atingia o uno<br />e a claridade intacta.<br />O canto era carícia<br />para uma ferida extrema <br />que era de todos nós<br />na angústia insustentável. <br />Mas ressurgia dela<br />a mais fina energia <br />ressuscitando o ser<br />em plenitude de água<br />e de um fogo amoroso.<br />É já manhã cantor<br />e o teu canto não cessa <br />onde não há a morte<br />e o coração começa.<br /><br />- António Ramos Rosa -Clementinahttp://www.blogger.com/profile/07040248473629321757noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9216749882578780537.post-34214379093004695562008-08-02T16:45:00.000-07:002008-08-02T16:46:12.903-07:00David Mourão FerreiraPenélope<br /><br />mais do que um sonho: comoção! <br />sinto-me tonto, enternecido, <br />quando, de noite, as minhas mãos <br />são o teu único vestido. <br /><br />e recompões com essa veste, <br />que eu, sem saber, tinha tecido, <br />todo o pudor que desfizeste <br />como uma teia sem sentido; <br />todo o pudor que desfizeste <br />a meu pedido. <br /><br />mas nesse manto que desfias, <br />e que depois voltas a pôr, <br />eu reconheço os melhores dias <br />do nosso amor.Clementinahttp://www.blogger.com/profile/07040248473629321757noreply@blogger.com0